Pessoas deficientes são aquelas que apresentam significativas diferenças
físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores inatos ou
adquiridos, de caráter temporário ou permanente, de acordo com a literatura
específica.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde,
10% da população de todo país são constituídos por pessoas com algum tipo de
deficiência. Mas e em nossa cidade?
Se seguirmos estes dados, deveríamos encontrar
em Veríssimo cerca de 400 pessoas portadoras de necessidades especiais, mas aos
olhos da comunidade estes são praticamente inexistentes.
Pois bem, procurando
responder à pergunta acima, foi que no inicio de 2007, eu me predispus a fazer
um censo de todos os portadores de necessidades especiais da cidade de
Veríssimo, para a ONG “A FORÇA DO BEM”, como voluntário. Após o censo efetuaria
o cadastro destas pessoas na página da ONG, e assim foi com o objetivo de se
realizar um censo nacional.
O censo, ou seja, uma
pesquisa sobre o número de pessoas com necessidades especiais, bem como alguns
dados a respeito delas foi efetuada entre janeiro e fevereiro de 2007, com o
apoio da Secretaria Municipal de Saúde e do Programa de Saúde da Família (PSF)
de nossa cidade, que se predispôs a fornecer dados da população e me acompanhar
até as casas destas pessoas, facilitando enormemente o meu trabalho.
Porém, observei pessoas de todas
as idades, e de diversos graus de deficiências. Pude ver o drama destas pessoas
e de suas famílias, que recebiam pouco apoio de poder público, ou nulo, em
alguns casos, de uma forma geral.
Dessa forma, encontrei apenas
dentro do perímetro urbano 73 pessoas com necessidades especiais,
simples (apenas uma deficiência) ou múltiplas (várias deficiências), em sua
maioria de graus moderado a grave.
A deficiência motora contava com um total de
29 pessoas, em sua grande maioria, idosos com dificuldade de locomoção e também
cadeirantes. Porém o grave é que historicamente nossos dirigentes políticos
sempre ignoraram este fato, pois a cidade não conta com banheiros adaptados
para tais pessoas em nenhuma repartição. Já as raríssimas rampas existentes são
irregulares, com comprimento ou inclinações erradas.
Em relação
à deficiência mental, apresentava na ocasião 17 casos, de moderados a
gravíssimos. Aqui a grande reclamação foi à falta de atendimento psiquiátrico e
neurológico na cidade. Também foram encontrados casos de crianças com Síndrome
de Dawn.
A grande dificuldade relatada é a
falta de assistência na própria cidade, já que a prefeitura municipal não providenciava
o transporte até Uberaba.
Mas em
relação ao resto de nosso país, acontece à mesma coisa?
Sim, infelizmente nossa cidade é
o reflexo das políticas públicas de nossas autoridades federais e estaduais.
Pude chegar a tal conclusão estudando artigos, dissertações e teses, de nosso
país, mais notadamente sobre o tema Educação Especial.
Mas outro ponto não visto até
agora, nem por mim, nem pelas autoridades municipais é a problemática dos
chamados deficientes mentais leves, principalmente com problemas de
aprendizado, que cujo número é grande, e com raríssimas exceções são
identificados, até pelo total despreparo de nossos professores.
Como estudante de licenciatura
numa das melhores instituições federais de ensino do país, pude ver de perto
esta problemática, tanto no despreparo de professores, quanto no cotidiano da
sala de aula.
Ouvi relatos de mães de
deficientes mentais excluídos da educação tradicional em nossa cidade, excluídos
dentro da própria escola, seja pelo preconceito ou pelo despreparo dos
professores ou dirigentes educacionais de nossa cidade.
Quanto ao despreparo dos
professores, é um problema que ocorreu historicamente no Brasil. Dessa forma,
em vez de culpar os professores de nossa cidade pela sua formação seria um
absurdo, mas não podemos esquecer a formação continuada, ou melhor, a falta de
vontade dos professores de nossa cidade em continuar estudar sempre, já que
isso é mais do que obrigação de qualquer professor.
Bem, voltando ao censo sobre os
portadores de necessidades especiais, tínhamos o seguinte quadro em 2.007:
DEFICIENCIAS
|
TOTAL
|
MOTORA
|
29
|
MENTAL
|
17
|
VISUAL
|
9
|
AUDITIVO
|
7
|
DEFICIENCIAS
|
TOTAL
|
MOTORA + MENTAL
|
7
|
MENTAL + VISUAL
|
1
|
VISUAL + AUDITIVO
|
1
|
AUDITIVO + MENTAL + AUDITIVO
|
1
|
Enfim,
assim como eu tive uma surpresa ao me deparar com tantas pessoas com necessidades especiais, grande parte da população também o vai. Porém, mais do
que indignação ou procurar algum culpado, é dever de todos procurar soluções
para os problemas de nossa cidade, onde, cada um de sua forma ou em grupo
trabalhar para a solução desse e de tantos outros.
Logo, para os professores de
nossa cidade identificar problemas relativos aos problemas de aprendizado, como
déficit de atenção, hiperatividade, Síndrome de Asperger, distúrbios de
ansiedade e Distúrbios de Aprendizagem Matemática, sem falar nos distúrbios de
comportamentos, como das fobias sociais, é algo impensável. Mas, o que ninguém sabe
principalmente os professores de nossa cidade, com raras exceções, é que tais
deficiências mentais leves podem destruir a vida dessas crianças.
Por
exemplo, aos professores que reclamam que não tiveram formação, devem agir como
procurar leituras de artigos, dissertações e teses, ou ir a congressos da área.
Dessa
forma, se todos agirmos, em vez de reclamarmos e ficarmos unidos pode construir
uma cidade melhor, não em tamanho, mas sim em qualidade de vida.
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